... Em coisas tão pequenas, nas coisas simples ...

domingo, 27 de novembro de 2011

Vem chegando o fim do ano.

     Meu pai deixou esse mundo no dia 23 de Dezembro, por isso o Natal aqui em casa nunca mais foi tão animado. Somente depois que comecei a frequentar a igreja e sentir a alegria da festa passei a curtir cada dia do advento.
     No Natal do ano passado, sabendo que Samuel poderia morrer a qualquer momento, eu me arrumei bem bonita, com o meu melhor vestido, arrumei o cabelo e fui, com minha mãe e Chico, pra casa de minha tia. No início do dia minha mãe não queria fazer nada - queria se afundar no vazio do Natal. Eu a convenci e fomos todos. Era o primeiro Natal sem vovó e o único com Samuel.
     Dos oito filhos de vovó estavam apenas minha mãe, tia Nê e tia Lica. Tia Lica estava com a camisa da missa e sétimo dia de vovó.
     Passamos a noite alí, sentados no sofá, esperando a meia-noite. Minhas tias me elogiaram; disseram que eu estava bonita. Certamente tentando tirar o foco do olhar mais triste que eu poderia ter.
     Chico me deu uma corrente de prata com asas de anjo e o nome do nosso filho gravado. Eu me emocionei e quem conseguiu ter curiosidade se emocionou também.
     Pouco depois da meia-noite saímos da casa da minha tia e fomos pra casa da minha sogra. Ela estava sozinha e se apressou eu esquentar alguma coisa para comermos.
     Foi o Natal mais vazio que já vivi. Lembranças do meu pai, perdida sem a minha vó e com todas as emoções possíveis com Samuel, ainda mexendo e me fazendo ser mãe.
     Ainda não tenho nenhum pisca-pisca na minha casa. Parece que as coisas perderam o sentido.
 


Vem, meu Deus, no Teu natal. Nasce novamente em minha vida.