Atraso de 10 dias, mas não é nada!

     Mês passado, durante a minha regra, tive uma dor forte e fui parar no hospital. Depois de dormir por lá, descobrimos que eu tenho um cisto no ovário.
     Saí do hospital decidida a tentar engravidar o quanto antes, pois a cada dia que passa a minha situação piora. Talvez Deus esteja me dando sinais.
     Acontece que a minha regra atrasou muito esse mês e eu cheguei a fazer um teste de farmácia no quarto dia de atraso. O resultado negativo me deixou super triste. Hoje, como ainda não chegou a danada, resolvi fazer o beta. Saí de casa cedinho e quando cheguei do exame comecei a arrumar as roupinhas de Samuel pensando em como contar a Chico. Cheguei a fazer um cartão e separar uma roupa com sapatinho pra pôr sobre a cama.
     De tarde saiu o resultado negativo. Mais que a falta de um bebê eu constatei a presença de um problema. Alguma coisa errada está acontecendo. Sinto cólica e a danada não chega. São 10 dias de atraso.
     Marquei médico para o mês que vem.

Ai! Me apavora a idéia de fazer uma cirurgia, de depender de remédios e coisas do tipo.


E a minha fé não me deixa titubear.

Exames

     Essa semana fiz uma US, a primeira depois da miomectomia. Fui certa de que as notícias não seriam boas, mesmo porque eu deixei de tomar o anticoncepcional que "impedia" o crescimento dos miomas. Para a minha feliz surpresa os dois remanescentes estão quase calcificados. Quando a médica disse isso eu entendi que eles estavam grudando mais no útero e piorando de alguma maneira. Ela me explicou que, pelo contrário, os miomas estão quase mortos e que não devem crescer quase nada.

     Eu saí deste exame super feliz! Depois de tanto tempo tomando uxi amarelo com unha de gato; depois de cartelas de anticoncepcional; tudo sem resultado... quando eu paro de me cuidar os danados resolvem pararem de me aborrecer.

     O problema foi voltar ao médico pra entregar os exames. Ele tornou dizer que eu devo engravidar logo, pois o meu útero tem uma arquitetura difícil! Af!

     Que dilema! Não sei se estou pronta pra tudo.

Voltando

Gente! Me abandonei!
Nunca mais me perdi com os meus pensamentos e nas minhas palavras.
É impressionante como eu superei a perda do meu filho! Samuel pra mim hoje está tão lá no passado... Não imagino como seria se ele estivesse aqui, nem tento imaginar o seu rosto e as suas brincadeiras.
É claro que de vez em quando eu penso nele. Mas quando começo a tentar imaginar suas brincadeiras, lembro das suas asas bem grandes e do seu brilho radiante.
Definitivamente eu aprendi a ver o meu filho como um anjo, e não como uma criança que não viveu.

Fiz minha miomectomia e meu útero está prontinho para o próximo bebê. Vamos esperar mais um pouco. Dessa vez eu quero viver tudo o que não pude; tudo o que ficou entalado. Quero viver desde as roupas de gravidez até o quarto pronto com cheirinho de bebê.

Minha fé? Essa ainda me move e me sustenta.

 

Meu "filhado" João. Cresceu rápido!

Vem chegando o fim do ano.

     Meu pai deixou esse mundo no dia 23 de Dezembro, por isso o Natal aqui em casa nunca mais foi tão animado. Somente depois que comecei a frequentar a igreja e sentir a alegria da festa passei a curtir cada dia do advento.
     No Natal do ano passado, sabendo que Samuel poderia morrer a qualquer momento, eu me arrumei bem bonita, com o meu melhor vestido, arrumei o cabelo e fui, com minha mãe e Chico, pra casa de minha tia. No início do dia minha mãe não queria fazer nada - queria se afundar no vazio do Natal. Eu a convenci e fomos todos. Era o primeiro Natal sem vovó e o único com Samuel.
     Dos oito filhos de vovó estavam apenas minha mãe, tia Nê e tia Lica. Tia Lica estava com a camisa da missa e sétimo dia de vovó.
     Passamos a noite alí, sentados no sofá, esperando a meia-noite. Minhas tias me elogiaram; disseram que eu estava bonita. Certamente tentando tirar o foco do olhar mais triste que eu poderia ter.
     Chico me deu uma corrente de prata com asas de anjo e o nome do nosso filho gravado. Eu me emocionei e quem conseguiu ter curiosidade se emocionou também.
     Pouco depois da meia-noite saímos da casa da minha tia e fomos pra casa da minha sogra. Ela estava sozinha e se apressou eu esquentar alguma coisa para comermos.
     Foi o Natal mais vazio que já vivi. Lembranças do meu pai, perdida sem a minha vó e com todas as emoções possíveis com Samuel, ainda mexendo e me fazendo ser mãe.
     Ainda não tenho nenhum pisca-pisca na minha casa. Parece que as coisas perderam o sentido.
 

Vem, meu Deus, no Teu natal. Nasce novamente em minha vida.

Saudade da minha imensidão.

     Há dias em que a saudade vem com tudo! Meus pensamentos vão longe! Fico lembrando de todos os momentos maravilhosos que dividi com o meu amor.
     Que saudade da minha barriga; das nossas conversas; do carinho e das músicas...
     Que saudade da pele, do cheiro... era tudo meu! Era tudo meu e nada está comigo!
     Se houver um sorriso no canto da minha boca, é que estou lembrando da força que tive pra viver tudo aquilo. Se houver um olhar perdido, é que estou lembrando de ter vivido tudo aquilo.
     Como consegui? Como consigo? É uma capa ou realmente sei viver sem ele?
     Ai que vontade de ter pra mim aquele pedaço de mim! Parte tão imensa de mim...
     Saudade sem fim!

Só pra ti, Senhor!

     Senhor,
     Venho mais uma vez entregar a ti o meu coração e a minha vida. Nada tenho e nada sou sem a Tua presença. És o meu amparo, o meu refúgio, a alegria da minha alma.
     Mesmo quando eu vacilar, quando me afastar, quando duvidar, quando a minha fé for pequena demais, não me desampareis, meu Pai, não vos esqueceis de mim. Sou tão pequena! Tão pequenininha! Sei que não mereço o que me dedicais, mas te peço que estejais sempre presente comigo, apenas por vossa misericórdia e vosso amor incondicional.
     Fazei da minha vida, ó Senhor, uma eterna oração. Que os meus atos e as minhas palavras sejam cheios do Espírito Santo. Que, mesmo no silêncio, eu possa falar do teu amor e da tua palavra.
     Que eu deite e me levante na tua presença e sob o manto de Nossa Senhora.
     Amém!

Mais nenem no mundo!

     Depois de Samuel, me propus a orar por todas as barrigudinhas que conheço. Ontem recebi a notícia que mais um bebê está a caminho. Céa, de Serri, está gravida e eu vou ser a dindaaa!!!
     Nossa! Como eu gosto de criança! Como eu gosto de ser madrinha e ter a responsabilidade de ajudar meus afilhados no amadurecimento na vida e na fé.
     Que esta e todas as crianças pelas quais eu oro diariamente possam ser fontes de alegria pras famílias que as esperam.